terça-feira, fevereiro 14, 2006

ouvi dizer que é dia 14 de fevereiro

10 mandamentos das encalhadas

1- Antes demais só estás sozinha/o porque queres. Há sempre alguém capaz de te amar... (mesmo que seja um pedreiro ou uma senhora de meia-idade)
2- Podes olhar para pessoas do outro sexo sem te preocupares a partir de quando é que será traição em pensamento
3-Não precisas de andar sempre com atenção ao telemóvel para ver quando o mais que tudo deu notícia
4-Não tens que ir para a noite com uma sombrinha a dizer “Não bebas tanto…nha nha nha”
5-Não tens que ter uma mão inquisidora a puxar o decote para cima ou a perguntar com ar de pai “Não tinhas saias mais curtas, não?”
6-Não corres o risco de ser traída/o
7-Não corres o risco de ser deixada/o (assim sem mais nem menos)
8-Não gastas dinheiro no dia dos namorados (não…não digam também não recebes nada…não vale boicotar!!!)
9-Não precisas ouvir as pessoas perguntarem-te três mil vezes por ele/a ou dizerem-te coisas que querem dizer a ele/a como se funcionassem só como um
10-Tens todo o tempo para as tuas amigas e amigos e não tens que ouvir os ciúmes que disso podem surgir

e um extra que são tantos que nem conseguimos resumir!

11- Tens o dia dos namorados livre para almoçar com três das tuas melhores amigas que se encontram na mesma situação que tu. Com a certeza que não levas prenda, mas uma barrigada de riso mixed com conversas que não podes ter com namorados, isso está garantido.



Não me venham a correr gritar que posso fazer estas coisas todas mas que não tenho aquele alguém me abrace ao fim do dia, ou que telefone só para ouvir a minha voz ou mande mensagem para dizer que gosta de mim. Não tenho ninguém que me faça festas na cama, me continue a desejar de óculos e aparelho, me diga que me ama com beijinhos e me sussurre que tinha saudades ao ouvido. Eu sei.
Mas garanto-vos que mais vale sozinha que mal acompanhada! :)

sábado, fevereiro 11, 2006

Go head. Envy me.

Gostava de acordar assim devagarinho. Sentia um peso enorme nos olhos todas as manhãs, pelo que procurava habituá-los com calma á luz. Depois da sua própria consciência a expulsar da cama, levantava-se e ia lavar a cara. Não que fosse raro, mas de certeza não era habitual gostar da imagem que via no espelho. A maior parte das vezes odiava mesmo. Perguntava-se sempre como era possível acordar tão despenteada se acordava sempre na posição em que se lembrava ter adormecido. E estas olheiras estúpidas que parecem querer chegar ao queixo.

No entanto, naquele dia não se assustou nos segundos que dedicou a mirar-se. Iniciou como de costume o ritual de cremes, dentífricos, espumas e escovas e pouco depois estava a pensar no que ia vestir. Hoje não precisava de se esconder nas camisas. Essa era uma das definições de fim-de-semana para ela, deixar a formalidade no armário. Demorou um bocadinho a decidir-se. Primeiro porque precisava de se sentir bonita e depois porque o compromisso assim o exigia. Tirou os corsários de ganga, juntou-lhe um top simples e deu à extravagância os seus sapatos preferidos, os vermelhos. Sabia que poucas pessoas reparavam neles, mas ela adorava-os. Faziam-na alta e havia qualquer coisa no barulho davam aos seus passos que a faziam sentir poderosa. Voltou a casa de banho e cedeu a ideia narcisista de se admirar por poucos segundos. Os suficientes para admitir, com uma a falta de modéstia que não lhe era característica, que a sua cara não estava assim tão mal. Disfarçou as olheiras que já não tinha dúvida de serem crónicas, um pouco de blush e rímel. Não queria abusar, afinal era só um almoço. Olhou para as horas, somou-lhe o tempo que demorava a chegar e chegou a conclusão que já não ia ser a primeira. Pegou nas chaves do carro e saiu. Desta vez quando se cruzou com o vizinho tenista não negou a atracção que sentia por ele nem tão pouco fez de conta que não viu o olhar que ele lhe lançou. Estava bem disposta isso era certo. Enfiou-se no carro e despachou-se no trânsito, estava ansiosa por chegar. A verdade é que aquele almoço de Sábado no restaurante á beira-mar com as suas amigas há muito que era um hábito, mas o passar dos anos não tinha amolecido em nada a sua convivência. Era sempre momentos cúmplices, divertidos e estranhamente diferentes. Chegou, estacionou e entrou no restaurante. No instante em que verificava que a mesa do costume ainda estava vazia ouviu atrás de si ouviu uma voz que conhecia de cor proferir um chorrilho de insultos que anos atrás aprendera a usar como carinho. “Estás tão gira! Esses sapatos são mesmo giros. É uma merda não me servirem!” “ Se não tivesses um pé enorme como uma vaca monstra até tos emprestava...” Respondeu-lhe antes de ouvirem a gargalhada que lhes anunciou a chegada das restantes. Tinha-se esquecido das saudades que tenha daquela sensação. De estar bem com elas, e sobretudo, de estar bem com ela mesmo.

"Later that day I got to thinking about relationships. There are those that open you up to something new and exotic, those that are old and familiar, those that bring up lots of questions, those that bring you somewhere unexpected, those that bring you far from where you started, and those that bring you back. But the most exciting, challenging and significant relationship of all is the one you have with yourself. And if you can find someone to love the you you love, well, that's just fabulous!"

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Desculpe, importa-se de fechar a boca se faz favor? Obrigada.


Ontem, já estava a chegar a International e ainda ia a pensar como o meu novo dentista é simpático e educado. Fui interrompida pelos barulhos da minha barriga que juntamente com um desejo de me vingar de uma certa inveja alimentar que me tinham feito no café horas antes, levou-me ao bar. Cheguei e uma senhora muito simpática perguntou-me o que queria. -Um croissant misto aquecido se faz favor. Enquanto esperava tive oportunidade de reparar na única pessoa que se encontrava nas mesas. Um rapaz que estava a comer as suas gomas de boca completamente aberta projectando o barulho pela pequena sala. Um barulho extradionariamente agradável como calculam. -Aqui está. Mais alguma coisa?-Não, obrigada. Paguei e sentei-me o mais longe do tal rapaz, mas rapidamente me apercebi que a distância não era suficiente para não ter que suportar o barulho da sua trituração. No exacto momento em que me dedicava a calcular o tempo que o rapaz levaria a mascar o seu saco de gomas todo, entra uma rapariguinha. -Quero 3linguas de coca cola e 2pastilhas! disse para a senhora, que a serviu. -Mais alguma coisa?-Não. -São 60cnts. Pagou e saiu. Senti-me uma daquelas velhas com quem já gozei por estarem sempre a darem aulas de etiqueta, quando me invadiu uma súbita vontade de seguir a miuda e lhe gritar -Oh menina na minha terra também se usa se faz favor e obrigada! Mas não fui. E fiquei a acabar o meu croissant com o moço que gosta de manifestar sonoramente a primeira fase da sua digestão. If you pop thah gum one more time... And he did. So i took the shotgun off the wall and fired two warning shots. I-n-t-o h-i-s h-e-a-d. Não me faltou vontade. Estava realmente chateada com o mix boca aberta/menina mal educada. Acabei a minha mastigação (silenciosamente e de boca fechada) e sai do bar. Quando ia a subir as escadas um pobre miúdo chocou contra mim. Agora acho que ele me ia pedir desculpas. Mas a minha precipitação isto- é-tudo-uma-corja-de-mal-educados, levou-me institiva e imediatamente a proferir num tom de voz algo alto -Cuidado!!!! Já nem se olha para onde anda?E para a próxima pede-se desculpa! Muito pedantemente arranquei. Claro que não demorei 3segundos a perceber que tinha exagerado. Desculpei-me com o facto de estar enojada pelo poder de mastigação do miúdo do bar. Mas sabia que não tinha desculpa. Nenhum de nós tem desculpa para ser mal educado com outra pessoa. Se tivéssemos estaríamos a criar um ciclo vicioso no qual desculpávamos a nossa acção com a que anteriormente tinhamos criticado. Devemos agir sempre de forma a que a nossa acção se possa tornar máxima universal, dizia-me o Kant hoje na aula de filosofia. Pena que nem todos o façam. Lembrei-me da simpatia do pessoal do dentista. É assim que tem que ser. Uns empurram para um lado e os outros para o outro. É por isso que o mundo não vira.


Não vos contei esta minha tarde peculiar em vão. Para além de não ter encontrado nada melhor para cumprir uma promessa que fiz, queria partilhar o facto de ter descoberto que hoje já não se pede se faz favor. Nem se agradece. Claro que também ja não nos precisamos de preocupar em ensinar os nossos filhos a preservarem a sanidade mental do que os rodeia ao fecharem a boca enquanto comem. E também não é preciso pedirmos licença para mudarmos um segundo da vida das pessoas. Pedimos (quase em tom de exigência) o queremos, pagamos e saimos. Está fora de moda agradecer e ter educação. Não percebes?!Já nao se usa... É claro que um mundo cheio de gente sempre a pedir lincença, a desfazer-se em desculpas a ponto de irritarem e que agradece tanto que em vez de adeus diz obrigado também é demais, mas o mínimo indespensável não faz mal a ninguém.
Até porque se empurrarmos todos para o mesmo lado não viramos.

Andamos para a frente.

(bámos embora filosofia-acho que tem estes efeitos colaterais!)